26 fevereiro 2015

Para Sir Phillip, com amor

A escrita de Julia Quinn é vigorosa e cheia de energia, e ela é especialista em criar personagens inesquecíveis.” – Publishers 



Weekly Eloise Bridgerton é uma jovem simpática e extrovertida, cuja forma preferida de comunicação sempre foram as cartas, nas quais sua personalidade se torna ainda mais cativante. Quando uma prima distante morre, ela decide escrever para o viúvo e oferecer as condolências. Ao ser surpreendido por um gesto tão amável vindo de uma desconhecida, Sir Phillip resolve retribuir a atenção e responder. Assim, os dois começam uma instigante troca de correspondências. Ele logo descobre que Eloise, além de uma solteirona que nunca encontrou o par perfeito, é uma confidente de rara inteligência. E ela fica sabendo que Sir Phillip é um cavalheiro honrado que quer encontrar uma esposa para ajudá-lo na criação de seus dois filhos órfãos. Após alguns meses, uma das cartas traz uma proposta peculiar: o que Eloise acharia de passar uma temporada com Sir Phillip para os dois se conhecerem melhor e, caso se deem bem, pensarem em se casar? Ela aceita o convite, mas em pouco tempo eles se dão conta de que, ao vivo, não são bem como imaginaram. Ela é voluntariosa e não para de falar, e ele é temperamental e rude, com um comportamento bem diferente dos homens da alta sociedade londrina. Apesar disso, nos raros momentos em que Eloise fecha a boca, Phillip só pensa em beijá-la. E cada vez que ele sorri, o resto do mundo desaparece e ela só quer se jogar em seus braços. Agora os dois precisam descobrir se, mesmo com todas as suas imperfeições, foram feitos um para o outro. **** –Posso beijá-la? – perguntou Phillip. Ele teria parado se ela respondesse que não, mas não lhe deu muita chance disso, porque antes que ela pudesse falar qualquer coisa, diminuiu a distância entre os dois. – Posso? – repetiu, tão perto que suas palavras entraram como um sussurro pelos lábios dela. Eloise fez que sim, um movimento discreto, mas firme, e ele roçou sua boca na dela de maneira suave, delicada, como se deve beijar uma mulher com quem se pretende casar. Mas então ela levou as mãos ao pescoço dele e... que Deus lhe ajudasse, mas ele queria mais. Muito mais. Ele intensificou o beijo, ignorando o ar surpreso de Eloise quando abriu os lábios dela com sua língua. Mas isso ainda não era o que ele queria. O que desejava mesmo era o calor e a vitalidade dela por todo seu corpo, em volta e através dele, infundindo-o. Ele a queria. Queria-a por inteiro, mas mesmo com a mente enevoada pela paixão, sabia que isso seria impossível naquela noite, então estava determinado a aproveitar o que podia... - See more at: 



Fonte:  http://www.editoraarqueiro.com.br/livros/ver/300#sthash.at0FqvSV.dpuf

Continuação de "Como eu era antes de você"


Jojo Moyes escreve sequencia de 'Como eu era Antes de Você"

A abundância de fãs Jojo Moyes já se perguntou o que aconteceu com jovem alegre Louisa Clark quando termina de ler a história de amor "Como eu era antes de você"?


Agora haverá uma resposta: Moyes está escrevendo uma continuação de seu romance chamado After You, ( Depois de você) com o lançamento em 29 de setembro. (sem data para ser lançando no Brasil)

Em um comunicado, Moyes disse:. "Eu não tinha planejado escrever uma continuação para Como Eu era Antes de você. Mas trabalhando no roteiro do filme, e lendo o grande volume de tweets e e-mails todos os dias pedindo que Lou fez com sua vida, fez com que os personagens nunca me abandonasse . Tem sido um prazer revisitar Lou e sua família, e os Traynors, e confrontá-los com um novo conjunto de questões. Como sempre, eles me fizeram rir e chorar. Espero que os leitores sentam-se   da mesma forma ou encontrá-los de novo. "
Fonte: http://www.usatoday.com/
Tradução: Google

24 fevereiro 2015

A autora de Como eu era antes de você mostra seu melhor nesse romance. Você vai querer ler tudo de novo assim que virar a última página


Há dez anos, Jess Thomas ficou
grávida e largou a escola para se casar com Marty. Dois anos atrás, Marty saiu de casa e nunca mais voltou.
Fazendo faxinas de manhã e trabalhando como garçonete em um pub à noite, Jess mal ganha o suficiente para sustentar a filha Tanzie e o enteado Nicky, que ela cria há oito anos. Jess está muito preocupada com o sensível Nicky, um adolescente gótico e mal-humorado que vive apanhando dos colegas. Já Tanzie, o pequeno gênio da matemática, tem outro problema: ela acabou de receber uma generosa bolsa de estudos em uma escola particular, mas Jess não tem condições de pagar a diferença. Sua única esperança é que a menina vença uma Olimpíada de Matemática que será disputada na Escócia. Mas como eles farão para chegar lá?
Enquanto isso, um dos clientes de faxina de Jess, o gênio da computação Ed Nicholls, decide se refugiar em sua casa de praia por causa de uma denúncia de práticas ilegais envolvendo sua empresa. Entre ele e Jess ocorre o que pode ser chamado de ódio à primeira vista. Mas quando Ed fica bêbado no pub em que Jess trabalha, ela faz questão de deixá-lo em casa, em segurança. Em parte agradecido, mas principalmente para escapar da pressão dos advogados, da ex-mulher e da irmã — que insiste em que ele vá visitar o pai doente —, Ed oferece uma carona a Jess, os filhos e o enorme cão da família até a cidade onde acontecerá o torneio.
Começa então uma viagem repleta de enjoos, comida ruim e engarrafamentos. A situação perfeita para o início de uma história de amor entre uma mãe solteira falida e um geek milionário.

Fonte:  http://www.intrinseca.com.br/jojomoyes/ummaisum/

Bastidores de The Heir, a continuação da série A Seleção, de Kiera Cass


LEIA UM TRECHO DE "A HERDEIRA", O PRÓXIMO LIVRO DA SÉRIE A SELEÇÃO

os primeiros parágrafos de A herdeira!


A herdeira é o 4º livro da série A Seleção, e será lançado (inclusive no Brasil!) dia 5 de maio de 2015. A narradora será Eadlyn, a filha mais velha de America e Maxon, e a autora atentou que só pela capa já é possível perceber que ela tem uma atitude diferente de sua mãe. Veja a sinopse oficial:
Vinte anos atrás, America Singer participou da Seleção e conquistou o coração do príncipe Maxon. Agora chegou a vez da princesa Eadlyn escolher seu noivo. Eadlyn não espera que sua Seleção seja nem um pouco parecida com o conto de fadas de seus pais. Mas ao longo da competição, ela pode descobrir que seu final feliz não é algo tão impossível como ela sempre achou.
E agora você pode ler um trecho do livro! 
Eu não conseguiria prender a respiração por sete minutos. Não conseguiria sequer chegar a um minuto. Uma vez tentei correr uma milha em sete minutos, depois de ouvir que alguns atletas conseguem fazê-lo em quatro, mas falhei miseravelmente quando uma dor lateral me incapacitou na metade da distância.
Todavia, tem uma coisa que eu consegui fazer em sete minutos que a maioria das pessoas diria ser muito impressionante: eu virei rainha.
Por meros sete minutos eu cheguei ao mundo antes do meu irmão, Ahren, então o trono que deveria ser dele virou meu. Se eu tivesse nascido uma geração antes, não teria feito diferença. Ahren era o homem, então ele teria sido o herdeiro. 
Infelizmente, a Mãe e o Pai não aguentariam ver seu primogênito perder um título graças a um par de seios inesperados, porém muito graciosos. Então eles mudaram a lei, e o povo comemorou, e eu fui treinada todos os dias para virar a próxima regente de Illéa.
O que eles não entendiam é que essas tentativas de tornar minha vida mais justa pareciam muito injustas pra mim.
Além de A herdeira, a autora havia anunciado também um 5º livro e dois novos contos. O conto A rainha (já disponível em todas as lojas de e-book) é narrado por Amberly, a mãe de Maxon, e mostra como ela foi escolhida pelo rei Clarkson. O conto The favorite (março/2015) será narrado por Marlee, e mostrará mais sobre a festa de Halloween que mudou sua vida. Os dois contos serão lançados em versão impressa na coletânea Contos da Seleção 2, disponível em março de 2015.
O que vocês acharam do trecho? Estão animados para conhecer Eadlyn? Com saudades de America e Maxon, e querem saber como eles estão governando Illéa? Ainda faltam alguns meses para o lançamento, mas até lá você pode passar o tempo preenchendo o Diário da Seleção ;)


Fonte:  http://www.editoraseguinte.com.br/

08 fevereiro 2015

Como eu era antes de você

Sam Claflin revela quando será filmado o filme "Como Eu Era Antes De Você". 

“É muito diferente de tudo que eu já fiz antes. Começaremos a filmar em abril”, diz ele. “Agora, eu estou me preparando fisicamente para estar em uma cadeira de rodas. É um livro incrivelmente comovente. É contundente e desolador. O roteiro me fez explodir em lágrimas”.

Sam Claflin (Jogos Vorazes) será Will Traynor
Emilia Clarke (Game Of Thrones) será Lou Clark



Fonte: https://www.facebook.com/comoeueraantesdevocebr?fref=photo

Filme uma longa Jornada

E o filme baseado no livro "Uma longa jornada", de Nicholas Sparks, já tem data de estreia no Brasil: 9 de abril

Fonte: Editora Arqueiro

Domingo no táxi


Tem gente que não gosta de domingo. Tem gente que atribui ao domingo certa melancolia. Eu gosto de domingo. E, vez em quando, também gosto, não de melancolia, mas de alguma nostalgia. Baús, acolhedores do tempo, que continuam em nós e que visitamos e dos quais nos alimentamos. Alimento do passado que nos fortalece para o futuro.
Domingo passado, depois de uma longa caminhada a pé por São Paulo, peguei um táxi para voltar para casa. Quando entrei, o taxista gentilmente me cumprimentou e perguntou se eu me importava com a música. Eu disse que não. E que, aliás, gostava muito da música que estava tocando.

Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou 
Com uma carta na mão 
Ante surpresa tão rude, nem sei como pude 
Chegar ao portão
Lendo o envelope bonito e no seu sobrescrito
Eu reconheci 
A mesma caligrafia, que disse-me um dia 
Estou farto de ti 
Porém não tive coragem de abrir a mensagem 
Porque na incerteza 
Eu meditava e dizia: 
Será de alegria? 
Será de tristeza? 
Quanta verdade tristonha ou mentira risonha 
Uma carta nos traz 
E assim pensando rasguei tua carta e queimei 
Para não sofrer mais
O taxista cantarolava junto com Isaurinha Garcia. E comentava os trechos da música. Dizia da beleza das letras de antigamente.  Em cada música, uma história. Parece que o romantismo não tinha timidez e nos surpreendia. Imagine não abrir a carta? Não saber do conteúdo da sua mensagem. Mas havia uma razão, justificava o taxista, as histórias de dor causadas pelo remetente. Abrir para quê? Para sofrer mais?
Eu fiquei impressionado com a juventude do taxista e o seu tempero musical. Disse-me ele que o pai é cantador. Assim mesmo. Que canta o que aprendeu com o avô. Apenas em casa. Moram na Zona Sul de São Paulo. E ainda têm o hábito dos almoços de domingo em que a família se reúne e, sem televisão ligada, conversam e depois cantam.
Na sequência musical do taxista, uma outra canção. Dessa vez, na voz de Linda Batista:

Eu gostei tanto,
Tanto quando me contaram
Que lhe encontraram
Bebendo e chorando
Na mesa de um bar,
E que quando os amigos do peito
Por mim perguntaram
Um soluço cortou sua voz,
Não lhe deixou falar.
Eu gostei tanto,
Tanto, quando me contaram
Que tive mesmo de fazer esforço
Pra ninguém notar.
O remorso talvez seja a causa
Do seu desespero
Ela deve estar bem consciente
Do que praticou,
Me fazer passar tanta vergonha
Com um companheiro
E a vergonha
É a herança maior que meu pai me deixou;
Mas, enquanto houver força em meu peito,
Eu não quero mais nada
Só vingança, vingança, vingança
Aos santos clamar
Ela há de rolar como as pedras
Que rolam na estrada
Sem ter nunca um cantinho de seu
Pra poder descansar.
Disse ele que essa música já o acalentou em momentos de fossa. Dor de paixão. Eu quis saber se era bom nos alimentarmos de vingança, como diz a canção. Ele sorriu. E confessou que vez ou outra, sim. Dói demais saber que a mulher que nos amou está feliz nos braços de outro. E a prosa prosseguia entre as canções de outros tempos. Dos nossos tempos. Dos tempos de delicadeza. Quando desci do táxi, era essa a música que tocava, na voz de Chico Buarque:
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro, com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu
Disse o taxista que sua mulher está esperando o primeiro filho. E que ele gosta de cantar para a criança que ainda não nasceu. Canta encostado na barriga da amada. E sente que o filho gosta. Delicadezas de cantos desta grande cidade. Achei que deveria pagar um pouco mais a corrida. Mas tive receio de ofendê-lo. Elogiei a leveza e a alegria com que ele exercia seu ofício. E desci. 
Fiquei pensando em quantas histórias instigantes partem com os taxistas no momento em que seus passageiros descem. Conversas nervosas, conversas engraçadas, conversas de dor, conversas do dia a dia. Lembrei-me da coluna chamada “Táxi”, no Diário Nacional, em que Mário de Andrade, de 1929 a 1932, publicava suas crônicas. Não eram histórias como essa que conto aqui, mas igualmente prosaicas, sobre as acontecências do dia a dia das gentes de uma cidade que já se anunciava metrópole. Caleidoscópica. Aquecida pelos encontros inusitados de cada uma de suas esquinas. De cada uma de nossas corridas de táxi.
Tempos de delicadeza assim, num domingo ou em qualquer outro dia, embalam-nos canções mais sensíveis em tempos de pouca prosa.
Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 08/02/2015

A primavera ( última parte)

Um passo incerto e absolutamente contraditório ás razões mais ocultas do coração conduziram-me aos braços do filho  mais velho de Estevão Bittencourt. Quem me dera extrair coragem, a mesma que convencia a terra árida a deixar-se colmar de cores, e unir meu canto ao canto das cigarras ressurretas para gritar em alto e bom som que o meu coração já tinha dono, e que eu gostaria de trocar a grandeza do filho mais velho pela fraqueza do filho mais moço. Haveria algum problema para meu pai? Só trocaria um pelo outro. Eu me casaria do mesmo jeito. As consequências, saberias vivê-las com imensa felicidade. A vida simples, a casa de aluguel, a necessidade de trabalhar para ajudar Alberto com as despesas. Duas ou três mudas de roupa, as mãos grossas, o cansaço ao fim do dia. A vida, e  só.
O amor completa os espaços. Supre as carências, suplanta os temores.
 Mas a coragem não veio. O sim entre dentes confirmou minha covardia e desde então a desesperança tornou-se minha companhia de toda hora. 

Na segunda-feira quando os últimos convidados retornaram ás suas origens, recebi a notícia de que Alberto  fizera suas malas para acompanhar seu tio, Jordano Bittencourt, proprietário de grande contidade de terras em Rondônia. Não houve tempo para despedidas. Apenas a notícia impressa em poucas palavras em um bilhete que dizia: - Será mais fácil assim. 

Mas não foi. Os  dias passavam por mim com seu poder de demorar mais que o comum. Os primeiros meses, distante de Alberto, mediam anos e anos. O choro silencioso, abafado nos travesseiros, era um ritual que eu cumpria diariamente. 

Os anos se passaram. Vinte e cinco primaveras floriram religiosamente. Os outonos e invernos cumpriam o destino de sepultar as cigarras. Vez ou outra meu coração, sepultado e sem a  esperança da primavera, sofria das mesmas angústias do tempo de mocidade. Alberto nunca mais voltará a Santana dos Cristais. Nunca soube nada do seu paradeiro. Meu marido nunca desconfiou das tristezas do meu coração. Consolou-se na convicção de que havia se casando com uma mulher triste, uma cigarra sepultada e sem canto. Guardei meu segredo debaixo das terras ressequidas do meu coração e resolvi espera pela absolvição que nunca veio. 

Quando setembro começava a mostrar os primeiros sinais de que a terra venceria mais uma vez os castigos do inverno, quando a ciranda do tempo acenava para a chegada da estação das flores, meu marido recebeu a notícia de que a mais de cinco anos, Jordano Bittencourt, seu tio, havia morrido. Vítima de uma febre misteriosa, não deixara herdeiros. Solteiro, dividia a vida e os trabalhos com o sobrinho, Alberto. O motivo da notícia não era comunicar a morte do tio, mas sim a enfermidade do irmão mais novo.

Sozinho naquelas terras, Alberto estava tuberculoso e sem ninguém que lhe dispensasse cuidados. Era o único irmão. Com os pais já  falecidos, restava ao meu marido a responsabilidade  de tomar as devidas providências. Numa tarde de primavera prenunciada, olhou-me com receios e perguntou-me se eu me importaria em ajudar a cuidar de seu irmão mais novo. Com o coração batendo na boca e sem nem uma condição de falar, limiteime a responder sem palavras.

Quando amanheceu o dia 22 de setembro, data que marcava o inicio da primavera, o carro vindo de tão longe parou á porta de minha casa. Um ruído seco de malas de couro era a trilha que acompanhava a cena. Eu, de pé parada na janela principal, e com o rosto entre as cortinas, procurei enxergar o que o coração viu a vida inteira, mesmo a distância.

Alberto estava mais franzino. O rosto envelhecido conservava o aspecto de menino solitário. O terno simples, os sapatos sem luxo e o chapéu reservado para ocasiões , conferiam-lhe a mesma simplicidade que acelerou mais o coração naquela tarde tão distante no tempo. O meu homem estava ali, á soleira da minha porta, como se a vida repetisse naquele instante o passado, chegando ao lado de seu  irmão, o mais velho de Estevão Bittencourt, o filho que ainda era o mais vistoso , robusto e tão cheio de vantagens sobre o mais moço. 

A porta foi aberta no mesmo instante em que abri meu coração. Alberto me olhou sem medo. A enfermidade e a iminência da morte pareciam-lhe revestir de coragem. Um olhar sem pressa, profundo, como se quisesse reconhecer um território antigo e de preciosas esperanças. Firmei meus olhos aos seus. O primeiro olhar sem a vitrine entre nós. Um olhar demorado, como se quiséssemos recolher no tempo no tempo passado as manhãs amanhecidas na distância, os filhos não fecundos, os beijos renunciados e as palavras que nunca foram pronunciadas. Um olhar que parecia escancarar o túmulo onde sepultei minha alegria. E depois do olhar, o sorriso. O único depois daquela manhã de sexta-feira, quando a vitrine ainda encorajava o amor oculto, proibido.  Um sorriso autorizado pelo tempo e pela distância.

Segurei Alberto pela mão. Disse que era bom recebê-lo em minha casa. A sua resposta foi um sorriso tímido e molhado por uma lágrima silenciosa que meu marido não viu. A necessidade do repouso fez com que  Alberto passasse os dias sem sair de casa. Ficava na sala comigo. Eu bordava enquanto ele me contava os detalhes da vida vivida na solidão em Rondônia. Meu marido trabalhava. Nunca houve um desrespeito entre nós.  Sabíamos que não tínhamos o direito de ultrapassar os limites das palavras. Nós nos amávamos na solidão da carne, no silêncio das intenções. Não havia toques, se não os inusitados, ocorridos na entrega de um prato de sopa ou até mesmo numa ajuda para chegar até o quarto. Para mim não importava. Eu havia aprendido que o amor não carece de presença para existir.

Eu passei a minha vida inteira distante do homem amado, e agora tê-lo assim, tão perto, tão ao alcance dos meus olhos, já era demais para mim. Conversávamos horas e horas. Quase nunca tocávamos nos motivos dos nossos sofrimentos. Era uma forma de preservar-lhe a sacralidade. Certa feita, enquanto estendia as mãos para lhe entregar um copo de leite, ele olhou-me com ternura e disse que já podia morrer feliz. E assim foi. Quando a primavera cedeu lugar aos calores do verão, Alberto se despediu de mim de forma definitiva. A tarde era bonita e ensolarada. As cigarras gritavam de alegria descompassada de sua ressurreição gloriosa. Ele estava sentado no sofá. Pediu que eu chegasse mais perto e segurasse pela última vez sua mão. Eu o fiz.

Ele sorriu e perguntou : - Quer que eu dê algum recado a Deus? -Eu o olhei e com lágrimas nos olhos lhe disse: - Sim. Diga a Ele que Ele é injusto!

Sorrindo ainda mais do mesmo jeito que sorriu tantas vezes naquelas tardes de nossa única primavera, ele completou: - Não. Ele não é injusto. Ele me permitiu vir morrer ao seu lado! - E foi então que Alberto se despediu de mim com uma frase que ainda hoje não aprendi a esquecer. Olhou-me com profundidade e disse: - Uma vida inteira sem flores não é nada diante de uma única primavera florida! - Depois, foi perdendo o sorriso, apertou minha mão, suspirou e morreu.


Livro: Mulher de aço e de flores
Autor : Fábio de Melo




      

06 fevereiro 2015

O futuro de meu filho

Uma amiga me convidou para um jantar filosófico que, mensalmente, faz em sua casa. Convidou-me para falar sobre Kant e a ética dos costumes para cerca de 30 pessoas que haviam lido alguns textos do filósofo. A conversa foi agradável e as perguntas iam desde os temas da metafísica, das críticas da razão pura, até o dia a dia das famílias. Foi quando o assunto chegou à educação dos filhos. Um pai quis saber se era correto escolher a profissão dos filhos. Perguntou, já argumentando que era natural que um pai médico quisesse ter o filho médico, trabalhando com ele. Que o mesmo poderia ocorrer com uma família dona de uma empresa. Tudo seria mais fácil se os filhos dessem continuidade ao legado dos pais. Alguns concordaram; outros, não. Falamos como a teoria de Kant poderia nos inspirar: “Age sempre de tal modo que o teu comportamento possa vir a ser princípio de uma lei universal.” Age de tal modo que seu agir, se visto por outros, não lhe cause constrangimento. Isto é, faça o correto mesmo que ninguém esteja olhando.
A filosofia preocupa-se mais com perguntas do que com respostas. Uma das mães tentou ajudar. "Não tenho o direito de decidir o futuro de meus filhos. Já decidi o meu. Quero que eles tenham consciência para decidir o deles. Se forem médicos como nós, os pais, será ótimo. Se não forem, será ótimo também. O que quero, inclusive inspirada na teoria de Kant, é que sejam bons. Isso é o mais importante". Que os filhos sejam bons. Inspirados em Kant ou, melhor ainda, nos pais. Os exemplos são combustíveis de vida. Garantem o mínimo para o percurso que teremos de cumprir. O resto fica para a nossa liberdade. Há muitos caminhos, há muitas possibilidades de exercitar o talento no mundo do trabalho. O mais importante é ser bom.
Na sobremesa daquele jantar, senti um gosto de esperança. Pais preocupados com filhos. Amigos exercendo a prosa filosófica para conviver com leveza. Retratos de um mundo que pode ser melhor. Se exercitarmos a bondade.
Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 06/02/2015

05 fevereiro 2015

A lenda do Colar

colarLi certa vez uma lenda, que não sei quem escreveu, mas que me fez muito bem. Dizia que um rei tinha dado à sua filha, a princesa, um belo colar de diamantes. Mas o colar foi roubado e as pessoas do reino procuraram por toda a parte sem conseguir encontrá-lo. Alguém havia dito ao rei que seria impossível encontrá-lo, porque um pássaro o teria levado fascinado por seu brilho. O rei, desesperado, então ofereceu uma grande recompensa para quem o encontrasse.
Um dia, um rapaz caminhava de volta para casa ao longo de um lago sujo e mal cheiroso. Enquanto andava, o rapaz viu algo brilhar no lago e quando olhou viu o colar de diamantes. Tentou pegá-lo, pôs sua mão no lago imundo e agarrou o colar, mas não conseguiu segurá-lo, o perdeu. No entanto, o colar continuava lá no mesmo lugar, imóvel. Então, desta vez ele entrou no lago, mesmo sujo, e afundou seu braço inteiro para pegar o colar; mas não conseguiu de novo, o colar escapava-lhe.
Saiu, sentou e pensou de ir embora, sentindo-se deprimido. Mas, de novo ele viu o colar brilhando. Decidiu agora mergulhar no lago, embora fosse sujo. Seu corpo ficou todo sujo, mas ainda assim não conseguiu pegar o colar.
Ficou realmente aturdido e saiu, sentou-se às margens do lago, pensativo… que mistério!
Um velho que passava por ali o viu angustiado, e perguntou-lhe o que estava havendo. O rapaz não quis contar para o velho com medo de perder a recompensa do rei. Mas o velho pediu ao rapaz que lhe contasse qual o problema, e prometeu que não contaria nada para ninguém e não o atrapalharia em nada.
O rapaz, dando o colar por perdido, decidiu contar ao velho. Contou tudo sobre o colar e como ele tentou pegá-lo, mas fracassando. O velho então lhe disse que talvez ele devesse “olhar para cima”, em direção aos galhos da árvore, em vez de olhar para o lago imundo. O rapaz olhou para cima100_msgs_menore, para sua surpresa, o colar estava pendurado no galho de uma árvore. Tinha o tempo todo, tentado capturar um simples reflexo do colar…
A felicidade material é como este colar brilhante no lago deste mundo; pois é um mero reflexo da felicidade verdadeira do mundo espiritual. É melhor “olhar para cima”, em direção a Deus, que é a fonte da felicidade real, do que ficar perseguindo o reflexo desta felicidade no mundo material. A felicidade espiritual é a única coisa que pode nos satisfazer completamente.
Não é o que diz o Salmista?
“O homem passa como uma sombra, é em vão que ele se agita; amontoa sem saber quem recolherá” (Sl 38,7)
Retirado do livro: 100 Mensagens para Alma, Ed.Cléofas.

03 fevereiro 2015

[OS PÁSSAROS DE MOEMA]

colunaMoema, para quem nunca ouviu falar, é um bairro paulistano que todo carioca adora. Dá para ir a pé para qualquer lugar. Não precisa de carro para comprar o pão pela manhã. Não precisa de carro para aproveitar o almoço pela tarde. Não precisa de carro para beber o chope pela noite. Para quem gosta de caminhar Moema é quase um poema. Mas só tem um problema: não tem cinema no Shopping Ibirapuera. E quem precisa pagar para ficar estático em uma sala refrigerada para admirar os movimentos de uma tela gigante quando se tem um céu imensurável para contemplar gratuitamente todos os dias?
O céu de Moema é diferente. Não por ser mais azul do que qualquer outro. Mas é um céu que narra histórias diferentes a cada segundo. As nuvens são artistas incríveis: sempre nos surpreendem. Ontem, vi um dragão engolir meus medos. Hoje, talvez nasça uma flor no peito daquele menino que escreve amargurado. As pétalas serão palavras bonitas, eu sei. Amanhã, quem sabe, elas não desenhem a esperança.
O céu de Moema mais se parece com um caminho flutuante, sem acostamento e invisível, desenhado especialmente para guiar as criaturas mais emblemáticas, fascinantes e fantásticas, que passam diariamente por este bairro: os pássaros metálicos. Pássaros que decolam, voam e pousam diariamente em intervalos matemáticos. Feito cegonhas sobrevoando Congonhas. Pássaros que não batem asas, mas apanham tantas histórias nas suas penas. Carregam o peso da humanidade na leveza dos seus corpos de alumínio.
Pareço bobo, toda vez que ouço o som das suas turbinas já me preparo para olhar o infinito. Não enjoo nunca. Me sinto novamente menino, quando rasgava pedaços de jornal e fazia pequenos aviões. Aviões que decolavam com a única tecnologia que a infância é capaz de produzir: a imaginação.

Por Pedro Gabriel 
Fonte:  http://www.intrinseca.com.br/

Escritor dos livros Eu me chamo Antônio 1 e 2 

Acreditar e Agir

Um viajante ia caminhando em solo distante, as margens de um grande lago de águas cristalinas. Seu destino era a outra margem.
Suspirou profundamente enquanto tentava fixar o olhar no horizonte. A voz de um  homem coberto de idade, em um barqueiro, quebrou o silêncio oferecendo-se para transporta-lo. O pequeno barco envelhecido, no qual a travessia seria realizada, era provido por dois remos de madeira de carvalho. Logo seus olhos perceberam o que pareciam ser letras em cada remo. Ao colocar os  pés empoeirados dentro do barco, o viajante pode observar que se tratava de duas palavras, num deles estava talhada a palavra ACREDITAR e no outro AGIR.

Não podendo conter a curiosidade, o viajante perguntou a razão daqueles nomes originais dados aos remos. O barqueiro respondeu pegando o remo chamado ACREDITAR e remou com toda força. O barco, então, começou a dar voltas sem sair do lugar em que estava. Em seguida, pegou o remo AGIR e remou com todo vigor. Novamente o barco gorou em sentido oposto, sem ir adiante.

Finalmente, o velho barqueiro, segurando os dois remos, remou com eles simultaneamente e o barco, impulsionado por ambos os lados, navegou através das águas chegando ao seus destino. Na outra margem, então o barqueiro disse ao viajante: _ Esse porto se chama autoconfiança. Simultaneamente, é preciso CREDITAR e também AGIR para que possamos alcançá-lo !

Fonte: Livro Sabedoria em Parábolas

01 fevereiro 2015

Ode a Mário de Andrade


“São glórias desta cidade
Ver a arte contando história...” (Mário de Andrade)
Sem a beleza da senhora Palavra, as tardes de quinta-feira não seriam tão generosas comigo. Há uma década, tenho a honra de desfrutar, na Academia Paulista de Letras, espetáculos grandiosos de sabedoria. No tradicional encontro dos Acadêmicos, a prosa faz reverências às nossas origens com reflexões que resgatam o sentido primeiro das palavras, as vozes poetizam as verdades, as memórias são desveladas, ora com dor ora com amor, e a sabedoria faz-se dona dos momentos de leveza. Das horas de descuido, como diria Guimarães Rosa. Enlevo-me. Admiro. Aprendo. Ensino. A Academia vive, e seus moradores são artífices engenhosos e brilhantes de sua majestade, a Palavra. Representantes das Letras. Gigantes da generosidade. 

Neste enredo, como uma grande família, em nossa casa do Largo do Arouche, respiramos diversidade e convergência. Em cada cadeira que ocupamos, resgata-se uma história eternizada por enlaces culturais. Das diferenças, nasce o aprendizado. Aquele que permanece em nosso olhar. Filho mais novo, sinto-me privilegiado por renascer nessa fonte. Tão fecunda. E desafiado na função de gerenciar os sonhos dessa família. Ilustre. Digna. Amorosa.
Inicio essa jornada como presidente da Academia Paulista de Letras como intuito de multiplicar o que resgatamos desse convívio. Abrir as portas da Academia, do espaço que herdamos dos antigos confrades, das histórias vistas e vividas ali, tesouros à espera de curiosidades. A Academia dos paulistas, de todos os paulistas, inaugura o novo ano, em prosa e em poesia, para que todos possam vivenciar o que, há mais de 100 anos, nós, Acadêmicos, compartilhamos: cultura, conhecimento, amizade, encantamento. 
2015, um ano em homenagem a Mário de Andrade
Na próxima quinta-feira, dia 05 de fevereiro, inauguraremos o Ano Literário 2015. Para esse encontro, convidaremos para a prosa o Acadêmico Mário de Andrade e sua eterna vanguarda. Mário, nosso confrade, deixou-nos há 70 anos, mas a audácia e o espírito renovador de sua arte permanecem em seus livros, em sua história, em sua vida. Vida que Mário amava viver, conforme confessou a Drummond, “Tudo está em gostar da vida e saber vivê-la. Só há um jeito feliz de viver a vida: é ter espírito religioso. Explico melhor: trata-se de ter espírito religioso pra com a vida, isto é, viver com religião a vida. Eu sempre gostei muito de viver, de maneira que nenhuma manifestação da vida me é indiferente.” 
Mário que já havia se imortalizado nas linhas das Pauliceias Desvairadas e nas geniais desventuras de Macunaíma passou a ocupar a cadeira no3 da Academia Paulista de Letras, em 1934. São inúmeros os artigos, nas edições da “Revista da Academia Paulista de Letras”, que delineiam as características desse homem audacioso, artista de muitas artes. Em uma dessas páginas, sua pluralidade. Em uma carta escrita em 1944, Mário revela ao confrade René Thiollier:” (...) você deve estar lembrado que já uma vez eu quis me retirar da Academia por me reconhecer incapaz dela. Eu não tomo posse. Por que não tomo? Porque não tomo. Não tenho jeito, sou infenso a academias, e cada vez estou mais bicho do mato, malcriado, aceitando mil convites e faltando a todos. Eu gosto da “nossa” Academia, isso gosto. Mas sou assim, me xingo, mas fico assim.” 
É esse nosso Mário de Andrade. Homem de genialidades, que ousa imaginar-se incapaz de ser acadêmico. Que rompe barreiras narrativas e lexicais. Que norteia, ainda, os que vivem da literatura. Professor a que tantos de nossos escritores submetiam seus fazeres literários: “É preciso colocar responsabilidade humana nos escritos”, alertava. Coerente na irreverência. O paulista e paulistano que distribuiu, em vida e em versos, partes de seu corpo a cada canto desta imensa e arlequinal cidade. São Paulo, comoção de sua vida. É esse Mário que estará presente em nossos encontros. Nos encontros dos Acadêmicos e nos encontros que a “casa” dos paulistas no Largo do Arouche, proporcionará a todos que se alimentam de cultura. Sigamos com seu espírito, Mário. Contestador. Transgressor do trânsito pacífico das artes. Das letras. Da vida. 

”Minha casa…
Tudo caiado de novo!
É tão grande a manhã!
É tão bom respirar!
É tão gostoso gostar da vida!…”
(Mário de Andrade)

Academia Paulista de Letras
Largo do Arouche, 312/ 324
República, São Paulo
Telefone: 3331.7222
www.academiapaulistadeletras.org.br

Principais obras de Mário de Andrade
Pauliceia Desvairada
Lira Paulistana
Amar, Verbo Intransitivo
Macunaíma
Contos Novos

Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | 01/02/2015 | Foto: Jorge de Castro (divulgação)